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quarta-feira, 8 de junho de 2011

O relógio que orienta a cidade paulistana



foto: Marcello Palhais/Diário SP – Augusto faz os ajustes;

Por: Caroline Brito

Manhã de sexta-feira, Estação da Luz, é onde se vê o movimento de pessoas correndo e direcionando seus olhares aflitos ao monumento exposto na Torre do Relógio. Cento e quarenta e cinco degraus. É hora do relojoeiro Augusto Fiorelli, 51 conferir o relógio.
Era 1901 quando os ingleses trouxeram para São Paulo três relógios iguais ao do principal ponto turístico de Londres, um deles foi instalado na Estação da Luz, mas devido a um incêndio, um mecanismo derreteu e o relógio foi substituído por outro nacional bem parecido com o original. O monumento é observado todos os dias por milhares de pessoas que olham para o topo da torre da estação da luz, olhando as horas e correndo contra o tempo para não se atrasar, além de ser o grande destaque da estação ele recebe grandes cuidados do relojoeiro Augusto Fiorelli. “Lá em cima eu dou corda no relógio, lubrifico as engrenagens e confiro se o horário esta certo”, conta.
O trabalho é maior quando muda o horário de verão, ele conta que demora mais ou menos 11 horas para acertar todos os relógios cuidados por ele, pois além do relógio da Luz ele cuida de outros 11 espalhados pela cidade de São Paulo, começa na Freguesia do Ó e acaba em Paranapiacaba.
Com muita dedicação e trabalho ele cumpre suas responsabilidades sem deixar se quer qualquer detalhe fora dos ajustes, “Um relógio como esse não pode errar a hora, ele serve de guia para as pessoas que todo o momento estão passando por aqui. Então como aqui é alto bate muito vento e os ponteiros acabam saindo do lugar, se chove a atenção tem que ser maior e deixar tudo certo”, explica.
Mesmo com todo o movimento diário, muitas pessoas que passam por ali não sabem as histórias que trouxeram o relógio até a estação, para a maioria o monumento não passa de um simples relógio. “Eu nunca soube de nenhuma história, pra mim ele é um relógio comum, diferente dos outros, mas com a mesma finalidade de outro qualquer” relata a vendedora Dayana Ferreira, 27.
Não é com os mesmos olhos da vendedora que o relojoeiro fala sobre o que enxerga, frente ao monumento, ele se emociona em dizer as diversas histórias que já ouviu e passou junto ao seu falecido avô, de quem herdou o oficio. “Cuidar desse relógio já me trouxe muitas histórias, desde adolescente cuidei disso com meu avô, só posso dizer que é incrível, pra mim nunca vai ser um simples relógio”.
Outras histórias marcaram Fiorelli. “Em 2004 fizeram uma pintura no relógio, ficou muito parecido com a antiga, isso me deixou muito feliz conseguiram resgatar aquela imagem que conhecemos de muito tempo atrás”. O relógio exposto na Estação da luz é visível aos olhos de todos, seja para ver a hora, seja para descobrir qual o seu significado na história, o que importa é que ele está lá e ainda ficará por muito tempo. “Eu espero cuidar dele até quando eu não puder mais. diz, “Não consigo imaginar quem ficaria aqui no meu lugar, faço tudo sozinho e não é fácil”.
Com simpatia e emoção o relojoeiro finaliza dizendo que seu maior orgulho é poder fazer parte da história da Torre do relógio.

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